BALARAMA ARRANCA HASTINAPURA DA TERRA



Este capítulo descreve como o Senhor Balarama arrasou a cidade de Hastinapura para garantir a libertação de seu povo.

Samba, o filho de Jambavati, raptou Laksmana, a filha de Duryodhana, durante sua assembléia. Em resposta, os Kauravas juntaram suas forças para prendê-lo. Depois de Samba, sozinho, os haver mantido à distância por algum tempo, seis guerreiros do grupo Kaurava privaram-no de sua quadriga, partiram seu arco em pedaços, agarraram-no e trouxeram-no junto com Laksmana de volta para Hastinapura.

Ao ouvir falar da prisão de Samba, o rei Ugrasena convocou os Yadavas para uma represália. Irados, eles se prepararam para lutar, mas o senhor Balarama apaziguou-os, com a esperança de evitar uma desavença dentre as dinastias Kuru e Yadu. O Senhor Balarama partiu para Hastinapura, junto com vários brahmanas e membros mais velhos da dinastia Yadava.

O Grupo dos Yadavas acampou num jardim nos arredores da cidade, e o Senhor Balarama enviou Uddhava para verificar o estado de espírito do rei Dhrtarastra. Quando Uddhava apareceu na corte Kaurava e anunciou a chegada do Senhor Balarama, os Kauravas adoraram Uddhava e foram ter com o Senhor Balarama, levando objetos auspiciosos para lhe oferecer. Os Kauravas honraram Balarama com rituais e objetos de adoração, mas quando este disse que Ugrasena exigiria que libertassem Samba, eles se zangaram e disseram: “É muito surpreendente que os Yadavas estejam tentando dar ordens aus Kauravas. É como o sapato tentando subir à cabeça de alguém. Fomos de nós apenas que os Yadavas obtiveram seus tronos reais, mas agora eles se julgam iguais a nós. Não mais lhes ofereceremos privilégios reais.”

Após dizerem isto, os membros da nobreza Kaurava entraram em sua cidade, e o senhor Balarama decidiu que a única maneira de lidar com aqueles, que estão enlouquecidos devido ao falso prestígio seria através do castigo bruto. Então ele empunhou seu arado e disse: “ Vede como estes Kurus presunçosos inebriaram-se com seu pretenso poder, exatamente como bêbados ordinários! Que verdadeiro governante, com poder de comando, toleraria suas palavras tolas e sórdidas? Hoje expulsarei da Terra os Kauravas!” O Senhor Balarama iradamente escavou Hastinapura com a ponta de seu arado e, com o intuito de lançar a cidade inteira no Ganges, começou a arrastá-la.

Ao verem sua cidade a balançar tal qual uma jangada no mar, enquanto era arrastada para longe, e prestes a cair do Ganges, os Kauravas ficaram aterrorizados. A fim de salvas suas vidas, eles aproximaram-se do Senhor Balarama em busca de abrigo, levando consigo suas famílias. Com as mãos postas em sinal de súplica, eles puseram à frente Samba e Laksmana e disseram: “Ó Rama, ó Rama, fundamento de tudo! Nada sabemos do teu poder. Pos favor, perdoa nossa ofensa, pois somos ignorantes e desorientados. Tu sozinho causas a criação, manutenção e aniquilação do cosmos, e não existe nenhuma causa anterior a ti. De fato, ó Senhor, as autoridades dizem que os mundos são meros brinquedos teus enquanto realizas teus passatempos.

Ó ilimitado Senhor de mil cabeças, como parte de teu passatempo carregas este globo terrestre sobre uma de tuas cabeças. Na época da aniquilação recolhes o Universo inteiro para dentro de teu corpo e, permanecendo só, repousas a fim de descansar. Tua ira destina-se a instruir a todos; não é uma manifestação de ódio ou inveja. Ó Senhor Supremo, tu sustentas o modo da bondade pura e ficas irado só para manter e proteger este mundo. Prostramo-nos diante de ti, ó alma de todos os seres, ó dirigente de todas as potências, ó incansável criador do Universo! Oferecendo-se reverência, abriga-nos em ti.”

Apaziguado assim pelos Kurus, cuja cidade estava estremecendo e que se rendiam a ele com grande aflição, o Senhor Balarama ficou muito calmo e bem disposto para com eles e disse: “Não temais.” E afastou-lhes todo o medo. Duryodhana, tendo muita afeição pela filha, deu-lhe como dote mil e duzentos elefantes, cento e vinte mil cavalos, seis mil quadrigas de ouro refulgente como o Sol e mil servas com medalhões de pedras preciosas no pescoço. O Senhor Supremo, o líder dos Yadavas, aceitou todos estes presentes e então partiu com seu filho e nora enquanto seus benquerentes davam adeus.

O Senhor Halayudha depois disso entrou em sua cidade (Dvaraka) e encontrou seus parentes, cujos corações estavam todos presos a ele em apego amoroso. No salão da assembléia relatou aos líderes Yadus tudo sobre seu intercâmbio com os Kurus.

Até hoje em dia a cidade de Hastinapura é visivelmente elevada no lado meridional, que fica ao longo do Ganges, mostrando assim os sinais da proeza do Senhor Balarama.